Reconstrução de mulher da era do gelo sugere migração alternativa

da Folha.com

Uma reconstrução científica de um dos conjuntos de restos humanos mais antigos já encontrados nas Américas parece apoiar teorias de que as primeiras pessoas que vieram para o hemisfério migraram de uma área muito maior do que se pensava.

O Instituto Nacional de Antropologia e História do México divulgou nesta sexta (23) uma imagem reconstruída de uma mulher que provavelmente viveu na costa caribenha do México entre 10 mil e 12 mil anos atrás.

Antropólogos acreditavam que os humanos migraram para as Américas em um período relativamente curto a partir de uma área limitada do nordeste da Ásia ao longo do corredor de terra temporário que se abriu sobre o estreito de Bering durante uma das últimas Eras do Gelo.

Mas o arqueólogo do governo mexicano Alejandro Terrazas afirma que o cenários ficou mais complicado, porque a reconstrução mostra uma semelhança maior entre a mulher reconstruída e pessoas que vivem no sudeste asiático, em países como a Indonésia.

"Isso indica que as Américas foram povoadas por vários movimentos migratórios, não apenas uma ou duas levas do norte da Ásia pelo estreito de Bering", disse Terrazas.

Outros especialistas discordam. "Usar reconstruções faciais para determinar a ancestralidade de um indivíduo não é prova tão forte quanto usar DNA antigo, porque o ambiente pode influenciar as características da face", rebateu Ripan Malhi, professor assistente de antropologia na Universidade de Illinois, nos EUA.

Segundo Malhi, existe uma convergência de dados apontando para a origem dos americanos no nordeste asiático.

Contudo, há poucas oportunidades para usar DNA ou outros métodos para identificar as origens dos primeiros habitantes porque somente um punhado de esqueletos de 10 mil anos atrás sobreviveram.

Modelo

O esqueleto da mulher foi encontrado em uma caverna próxima ao resort caribenho de Tulum em 2002.

Cerca de 90% do seu esqueleto estava preservado, ajudado pela presença de água na caverna provavelmente pouco depois de sua morte. Segundo antropólogos, ela devia ter entre 44 e 50 anos de idade quando morreu, media 1,52 metro e pesava 58 quilos.

Especialistas mediram as característica do crânio e calcularam o tamanho das camadas de músculo e tecidos que cobriram sua face, servindo de guia para a modelagem paleoantropológica realizada no ateliê Daynes, na França.

O modelo mostra uma mulher forte, com um rosto amplo, maçãs do rosto proeminentes, lábios finos e poucos sinais de pregas epicânticas nos olhos que caracterizam muitas populações asiáticas modernas.

"Sua estrutura corporal, pele e olhos são similares aos da população do sudeste asiático", disse o instituto mexicano.

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