GTC descobre uma relíquia na Via Láctea: uma das 5 menores estrelas já detectadas

O GTC, Grande Telescópio Canárias, o telescópio que possui maior do espelho do mundo, amplia o horizonte da população estelar mais antiga de nossa galáxia com o descobrimento de uma pequena e remota estrela sub anã classe L de massa diminuta.


Com um décimo da massa do Sol, justamente na fronteira entre as estrelas ativas classe M (anãs vermelhas) e as estrelas que fracassaram, as anãs marrons, um novo objeto celeste de bilhões de anos de idade acaba de ser descoberto. Batizada como ULAS1350, esta sub anã classe L poderia converter-se em uma das peças chave para entender as primeiras etapas da história de nossa galáxia.

A equipe de astrônomos europeus responsável pelo descobrimento, integrada por membros do Instituto de Astrofísica de Canárias (IAC) e do Centro de Astrobiologia (CAB), só necessitou 35 minutos de observação para analisar o objeto com o Grande Telescópio Canárias (GTC), instalado no Observatório do Roque dos Muchachos da ilha da Palma. A descoberta foi publicada na revista especializada Astrophysical Journal e foi a primeira publicação científica baseada nos dados do maior telescópio óptico-infravermelho do mundo.

O objeto estelar ULAS1350 foi classificado como uma sub-anã tipo L e representa a quinta de sua classe conhecida até a data e a primeira confirmada com o GTC. Devido a seu pequeno tamanho e baixa massa, estes corpos são mais parecidos com um planeta gigante do que com os de uma estrela como o Sol. Estas sub anãs tornam-se se apresentam também como boas candidatas para a procura de planetas extrasolares. Nicolas Lodieu, diretor da investigação desde o IAC, destaca que “nós temos centrado [nossa pesquisa] nesta classe de objetos extremadamente antigos porque, embora só conheçamos outros quatro como este, eles podem ser a chave para entender a formação da Via Láctea”.

OSIRIS no GTC

A relíquia estelar em questão se encontra a uma distância do Sol de entre 300 e 550 anos luz, uns cem anos-luz mais longe que suas quatro sub-anãs análogas. Graças ao instrumento OSIRIS, o espectrógrafo atualmente instalado no GTC, tem sido possível observar no espectro visível as informações mais importantes deste objeto tão débil. “Seu conteúdo em metais é escasso, poderia ser até dez vezes mais pobre que o do Sol”, assinalou Lodieu, o qual informou: “pudemos estimar também sua baixa luminosidade e temperatura, entre 1.000 e 2.000 graus Celsius”.

Esta fria estrela (a temperatura na superfície do Sol é até cinco vezes maior que a temperatura em ULAS1350) foi previamente identificada utilizando o catálogo Large Area Survey de UKIDSS (UKIRT Infrared Deep Sky Survey), um projeto de observação de grandes áreas do céu nas faixas de freqüências próximas do infravermelho realizado com um telescópio de 3,8 metros situado na ilha do Havaí, no Oceano Pacífico. Com a ajuda de um catálogo similar no espectro visível, o Sloan Digital Sky Survey, se confirmou a relativa deficiência de elementos metálicos na atmosfera de ULAS1350 respeito ao Sol. “Teremos mais candidatos para o futuro porque UKIDSS vai a ampliar sua cobertura do céu e junto a as observações do GTC irão se abrir novas portas que nos permitirão encontrar e estudar mais anãs de este tipo”, apontou o astrofísico.

De acordo com os pesquisadores a existência de objetos como ULAS1350 na vizinhança solar é “exótica, extremadamente rara”, por que para a identificação foram necessárias revisões de centenas de milhares de objetos em diferentes arquivos astronômicos. Para poder realizar este estudo os cientistas recorreram ao Observatório Virtual, uma iniciativa internacional que na Espanha está gerenciada pelo Centro de Astrobiologia e cujo principal objetivo é o de proporcionar uma análise eficiente do grande volume de informação existente nos centros de dados.

A equipe da pesquisa foi composta por Nicolas Lodieu, por parte do IAC, e por Maria Rosa Zapatero Osório, Eduardo Martín, Enrique Solano e Miriam Aberasturi, por parte do Centro de Astrobiologia (CSIC-INTA).

Fontes: Ciência Kanija: A última relíquia da Via Láctea

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