Super-Terra Orbita Anã Vermelha

A revista Nature acaba de publicar um artigo cujo primeiro autor é o astrofísico David Charbonneau, descrevendo a descoberta da primeira Super-Terra em órbita de uma anã vermelha, a estrela Gliese 1214, situada a cerca de 42 anos-luz. A descoberta foi feita no âmbito do projecto MEarth, que tem como objectivo a detecção de planetas em torno de anãs vermelhas, em especial de Super-Terras na zona habitável dessas estrelas. Para esse fim, o MEarth utiliza uma bateria de telescópios robotizados localizados no Arizona que monitorizam o brilho de cerca de 2000 anãs vermelhas na esperança de detectar trânsitos de exoplanetas.

O novo planeta, designado de GJ 1214b, orbita a estrela hospedeira em 1.58 dias a uma distância média de 2.1 milhões de km. A massa do planeta é de 6.5 vezes a massa da Terra e o seu raio 2.7 vezes o da Terra. Para além de ser o primeiro planeta em trânsito em torno de uma anã vermelha, a sua densidade é também uma novidade. Ao contrário da densidade do CoRoT-7b que é muito semelhante à da Terra (5.5 vezes a da àgua), correspondendo a um planeta formado fundamentalmente por rocha (silicatos principalmente) e metal, o GJ 1214b tem uma densidade de 1.8 vezes a da àgua. Isto implica que a sua constituição interna é muito diferente da de um planeta telúrico. Os autores apresentam um possível modelo que aponta para uma constituição fundamentalmente baseada em àgua (vários tipos de gelo, líquida e gasosa) envolvida numa fina camada (0.05% da massa) de hidrogénio e hélio. O núcleo deverá ser formado por rocha e metal e contribuir para apenas 1/4 da massa do planeta. No Sistema Solar, Uráno e Neptuno têm, acredita-se, constituições semelhantes embora tenham massas 2 a 3 vezes superiores à do GJ1214b.

Com apenas 15% da massa do Sol a estrela GJ1214 tem uma luminosidade muito inferior pelo que, mesmo a uma distância tão pequena da mesma, o planeta tem uma temperatura estimada de apenas 400-550 Kelvin. O limite inferior de temperatura, equivalente a aproximadamente 127 graus centígrados, está muito próximo do ponto de condensação da àgua, o que torna o planeta ainda mais interessante. De facto, a análise dos trânsitos permitiu deduzir que o planeta tem uma atmosfera com cerca de 200km de espessura. A da Terra, por comparação tem apenas 10 a 15km.

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