Localizar asteroides potencialmente perigosos não é uma tarefa tão fácil e os poucos observatórios, a maior parte deles nos EUA, não são capazes de descobrir todos os objetos que possam representar uma ameaça ao nosso planeta. Para ajudar nesta busca, a agência espacial europeia, ESA, selecionou um time de astrônomos voluntários e as primeiras observações já começam a dar resultados.
Recentemente, durante uma seção de observações feitas no TOTAs, Observatório Teide de Pesquisas de Asteroides, localizado na ilha Tenerife, nas Canárias, a equipe fez uma importante descoberta e localizou um pequeno asteroide a mais de 88 milhões de quilômetros da Terra.
Batizado de 2011 SF108, a rocha não apresenta qualquer risco de colisão com nosso planeta, mas sua detecção demonstrou a grande capacidade que o voluntariado tem em descobrir objetos distantes e que possam representar algum tipo de ameaça.
A descoberta foi realizada a partir de um telescópio ótico de 1 metro de diâmetro, pertencente a um dos observatórios da ESA e não foi a primeira a ser feita pelo programa SSA, que pretende localizar objetos potencialmente perigosos. O que diferencia essa detecção das demais é que 2011 SF108 é um objeto classificado como NEO - Objeto Próximo à Terra - cuja órbita o faz passar nas imediações do nosso planeta com possibilidade de impacto.
Apesar de ser classificado como NEO, 2011 SF108 não apresenta ameaça de fato. De acordo com os cálculos, a órbita do asteroide ao redor do Sol faz com que a máxima aproximação com a Terra não seja inferior a 30 milhões de quilômetros, uma distância bastante segura em termos astronômicos.
Para localizar os asteroides perigosos, a equipe de 20 voluntários coleta imagens automaticamente durante diversas horas, que em seguida são analisadas por um novo software desenvolvido pelo cientista e astrônomo amador Matthias Busch, ligado ao Observatório Amador Starkenburg, em Heppenheim, na Alemanha.
O software tem a função de localizar movimentos significativos nas imagens e que possam caracterizar a presença de asteroides. Após a primeira triagem, a cena é submetida a um revisor humano, que decidirá quais imagens ou objetos merecem atenção.
Segundo Detlef Koschny, diretor do programa de detecção de asteroides da ESA, as imagens são distribuídas a todos os membros da equipe e qualquer um pode ser o descobridor de um novo asteroide. "No caso de 2011 SF108, o sortudo foi o voluntário Rainer Kracht", disse Koschny.
O objeto é o 46º asteroide descoberto por Kracht, um professor aposentado que vive na pequena cidade de Elmshorn, próximo a Hamburgo, na Alemanha. "Oito de nós estávamos revisando as imagens naquela noite e nossa equipe teve a sorte em encontrar 2011 SF108", explicou o astrônomo.
Até o momento, pelo menos 8 mil objetos NEO já foram encontrados por observadores em todo o mundo e milhares de outros objetos ainda não foram detectados. Alguns são rochas que não ultrapassam 1 metro enquanto outros podem ser asteroides com centenas de metros, daí a importância de localizar esses corpos e determinar se são capazes de atingir nosso planeta.
A tarefa em encontrar os asteroides não é tão fácil. Profissionalmente, somente os EUA têm programas de localização e vigilância de asteroides. Na Europa, o único centro de pesquisas desse tipo é o observatório de La Sagra e é mantido por astrônomos amadores do sul da Espanha.
Fotos: No topo, animação mostra o asteroide 2011 SF108 em setembro de 2011, quando ainda se localizava a 88 milhões de quilômetros da Terra. Acima, Observatório Teide de Pesquisas de Asteroides, localizado na ilha Tenerife, nas Canárias. Créditos:ESA, Apolo11.com.
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